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Geração Z e Liderança no Trabalho: Entenda as mudanças de hierarquias e o aumento de MEIs

  • Foto do escritor: Glaucia Bahio
    Glaucia Bahio
  • há 23 horas
  • 4 min de leitura

A chegada da Geração Z ao mercado de trabalho, somada ao crescimento expressivo do modelo PJ, está colocando a liderança organizacional em xeque. Autoridade, hierarquia e cargos de chefia passam a ser questionados, enquanto surgem novos formatos de relação baseados em autonomia, respeito mútuo e propósito compartilhado.

 

A ascensão da Geração Z: um novo paradigma de trabalho

Nascidos entre 1997 e 2012, os integrantes da Geração Z começaram a ingressar no mercado de trabalho na última década, e hoje representam uma parcela crescente da força produtiva global. Segundo a consultoria McKinsey, em 2025, a Geração Z representará cerca de 27% da força de trabalho mundial. No Brasil, esse movimento é ainda mais acelerado: de acordo com o IBGE, cerca de 23 milhões de brasileiros fazem parte desse grupo.

Com um perfil digital, hiperconectado e exposto desde cedo às redes sociais e à cultura da inovação, essa geração traz uma nova visão sobre relações de trabalho, liderança e carreira. Eles são práticos, exigem transparência, feedback constante e rejeitam padrões autoritários. De acordo com uma pesquisa da Deloitte (2023), 44% dos profissionais da Geração Z não pretendem permanecer mais de dois anos na mesma empresa.

O resultado disso é uma rotatividade maior, mas também uma busca clara por ambientes mais saudáveis, flexíveis e com lideranças que inspirem, não que comandem.

 

De CLT a PJ: a "PJotização" como reflexo da nova mentalidade

Enquanto a Geração Z entra com novos valores, o modelo de contratação também vem mudando. O número de Microempreendedores Individuais (MEIs) e Profissionais Pessoa Jurídica (PJ) cresce exponencialmente no país. Dados do Sebrae apontam que, apenas em 2024, foram abertas mais de 3,9 milhões de novas empresas, sendo 80% delas MEIs. A tendência é clara: o mercado está se "desempregando" do modelo tradicional.

Essa "PJotização" do trabalho é vista por muitos jovens como um caminho de liberdade e autonomia. Segundo um levantamento da FGV, mais de 60% dos jovens entre 18 e 29 anos que optam por atuar como PJ o fazem em busca de flexibilidade, possibilidade de ganhos maiores e desenvolvimento mais acelerado.

Para as empresas, esse modelo também tem atrativos: menor custo com encargos, mais agilidade na contratação e liberdade de composição de times sob demanda. Mas também impõe um novo desafio: como liderar pessoas que não estão subordinadas formalmente?

 

O colapso da liderança verticalizada

Historicamente, o modelo de liderança foi baseado em hierarquia, controle e autoridade. Havia um "chefe" a ser obedecido, metas a serem cumpridas, ordens a serem seguidas. No entanto, com a entrada da Geração Z e a expansão do trabalho PJ, esse modelo está sendo questionado em sua essência.

Uma pesquisa da consultoria Robert Walters mostrou que 72% dos profissionais da Geração Z preferem desenvolver suas habilidades técnicas e criativas a assumir cargos de gestão. A liderança não é mais associada a status ou poder, mas a influência e capacidade de gerar valor.

Outro estudo da Indeed revelou que 93% dos profissionais da Geração Z admitem já ter ignorado orientações de seus gestores quando perceberam falta de sentido ou de alinhamento com seus valores. Isso não é sinal de desrespeito, mas de uma nova visão: liderança não é imposta, é conquistada.

 

Liderar sem autoridade formal: um novo desafio para empresas

No contexto da PJotização e da nova geração, muitas lideranças se veem em um cenário inédito: como engajar, inspirar e direcionar profissionais que não estão, tecnicamente, sob sua autoridade?

Essa é a realidade de empresas que contratam equipes de freelancers, consultores e profissionais PJ. Eles não têm obrigação legal de seguir ordens, e sim contratos de entrega. Isso exige uma liderança baseada em influência, não em hierarquia. Empatia, comunicação assertiva, feedbacks rápidos e clareza de propósito são os novos pilares de uma gestão eficaz.

 

Quais competências de liderança são exigidas nesse novo cenário?

Para liderar em um ambiente cada vez mais autônomo e horizontal, alguns comportamentos e habilidades se tornam indispensáveis:


·         Comunicação clara e frequente: profissionais jovens esperam feedbacks contínuos e sinceros. O "1:1" passa a ser um instrumento vital.

·         Escuta ativa e empatia: entender o que motiva e preocupa cada colaborador se torna fundamental.

·         Cocriação de metas: metas impostas de cima para baixo não engajam. É preciso construir objetivos com o time.

·         Liderança por influência: ser exemplo, inspirar e conectar. Autoridade é exercida, não atribuída.

·         Gestão de resultados e não de presença: no modelo PJ e remoto, liderar significa acompanhar entregas e não fiscalizar tempo.

 

O papel do RH e das lideranças nesse momento de transição

As áreas de RH têm papel fundamental na construção de pontes entre as gerações, nos processos de onboarding de profissionais PJ e na formação de lideranças mais preparadas para esse novo mundo. A capacitação de gestores passa a incluir temas como: gerações no trabalho, inteligência emocional, comunicação não violenta e liderança situacional.

Ao mesmo tempo, o RH também deve redesenhar políticas que contemplem essa nova dinâmica. Como criar cultura organizacional com um time majoritariamente PJ? Como manter senso de pertencimento? Como avaliar performance?

 

O futuro não é sobre controle, mas sobre conexão

A transformação que vivemos hoje não é apenas tecnológica ou contratual. É uma mudança de mentalidade. A Geração Z e a PJotização do mercado desafiam antigos modelos de poder e pedem relações mais horizontais, transparentes e humanizadas.

As empresas que entenderem esse movimento e se adaptarem sairão na frente. As que insistirem em modelos de comando e controle tendem a perder talentos, engajamento e relevância.

No fim das contas, a liderança do futuro é menos sobre dizer o que fazer, e mais sobre inspirar o porquê fazer.

 

Fontes: McKinsey, Deloitte, IBGE, Sebrae, FGV, Robert Walters, Indeed

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