Apontar o dedo para falhas próprias ou alheias em excesso pode gerar impactos significativos na sua saúde mental com consequências adversas para o seu bem-estar emocional e das pessoas ao seu redor.
Quando indivíduos se encontram constantemente envolvidos em julgamentos severos de si mesmos e dos outros, isso pode levar a uma série de problemas emocionais.
Esses dois maus hábitos estão intimamente relacionados, mas têm diferenças importantes em termos de significado e formas de agir:
O julgamento refere-se ao processo de formar uma opinião ou avaliação sobre algo ou alguém. Pode ser positivo, negativo ou neutro e é uma parte natural do pensamento humano. Julgamos constantemente as pessoas, situações e eventos ao nosso redor com base em nossas próprias experiências, crenças e valores.
A crítica, por outro lado, geralmente implica uma avaliação negativa ou desfavorável de algo ou alguém. É uma expressão de desaprovação ou insatisfação com algo e pode ser direcionada a comportamentos, características pessoais, ideias ou realizações. A crítica pode ser construtiva, quando é feita com o objetivo de fornecer feedback útil e promover o crescimento, ou pode ser destrutiva, quando é feita de maneira depreciativa ou prejudicial.
POR QUE ENTRAMOS NESSA MOLDURA DE CRÍTICA E JULGAMENTO?
O hábito de julgar e criticar a si mesmo e aos outros é complexo e pode ser influenciado por uma variedade de fatores psicológicos, sociais e culturais. Aqui estão algumas razões comuns pelas quais as pessoas tendem a julgar:
Instinto de sobrevivência: Desde os primórdios da evolução humana fomos treinados a identificar ameaças potenciais e tomar decisões rápidas para proteger-se.
Padrões sociais e culturais: Desde a infância ouvimos sobre o que é certo e errado, bom e ruim, e muitas vezes internalizamos esses padrões e aplicamos a nós mesmos e aos outros.
Comparação social: As pessoas tendem a se comparar com os outros como uma forma de avaliar seu próprio valor e posição na sociedade.
Proteção: Criticar os outros pode servir como uma maneira de se sentir melhor consigo mesmo, destacando as falhas percebidas nos outros para mascarar as próprias inseguranças.
Viés cognitivo: Viés de confirmação e o viés de atribuição, usados para afirmar uma crença enraizada, o que pode levar a julgamentos rápidos e injustificados.
O IMPACTO DO EXCESSO DE AUTOCRÍTICA NA SAÚDE MENTAL
Segundo o psicólogo e pesquisador israelense Golan Shahar (2015) em seu livro, "Erosion: The Psychopathology of Self-criticism“, a autocrítica em excesso leva a formas de psicopatologias como depressão, ansiedade, transtornos alimentares, sintomas de transtorno bipolar.
Isso porque essa prática pode resultar em uma baixa autoestima e autoconfiança, levando a sentimentos de inadequação e insuficiência. A autocrítica constante pode criar um ciclo de pensamentos negativos, onde as pessoas se encontram presas em padrões de pensamento negativo e auto depreciativo.
Além disso, o excesso de julgamento e crítica pode prejudicar relacionamentos interpessoais, minando a confiança e a intimidade. O medo de ser julgado ou criticado pode levar ao isolamento social e à dificuldade em estabelecer conexões significativas com os outros.
O QUE FAZER QUANDO ESSES PENSAMENTOS VIEREM A MENTE?
Substituir o hábito de julgar pode ser um desafio, mas é possível com prática e observação, veja como agir:
Autoconsciência: O primeiro passo é reconhecer quando você está julgando a si mesmo e aos outros. Esteja atento aos seus pensamentos e sentimentos quando surgirem críticas ou julgamentos.
Empatia: Tente se colocar no lugar da pessoa que você está prestes a julgar. Pergunte-se como seria estar na situação deles e tente entender de onde eles estão vindo.
Praticar a aceitação: Reconheça que todos são diferentes e têm suas próprias experiências de vida, crenças e valores. Aceite a si mesmo e as pessoas como elas são.
Foco no positivo: Em vez de se concentrar nos aspectos negativos, tente encontrar algo positivo em si e no outro. Todos têm qualidades e pontos fortes, mesmo que não sejam imediatamente óbvios.
Questionar: Esteja aberto a desafiar seus próprios preconceitos e estereótipos. Pergunte-se por que você está julgando essa pessoa e se suas crenças são baseadas em fatos ou em generalizações injustas.
Praticar a compaixão: Em vez de julgar, pratique a compaixão. Tente entender as lutas e dificuldades das pessoas e ofereça apoio e compreensão quando necessário.
Cultivar a mente aberta: Esteja disposto a aprender e crescer com as diferenças dos outros. Mantenha uma mente aberta e esteja aberto a novas perspectivas e experiências.
Desenvolver a humildade: Reconheça que ninguém é perfeito, incluindo você. Esteja disposto a admitir seus próprios erros e imperfeições, e seja gentil consigo mesmo e com os outros.
Lembre-se de que substituir o hábito de julgar pode levar tempo e esforço, então seja paciente consigo mesmo enquanto trabalha para mudar seus padrões de pensamento e comportamento.
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